Êxodo do Meu Eu
Quando pensamos em êxodo, a primeira imagem que nos vem à mente é a passagem bíblica dos israelitas liderados por Moisés, que, após 400 anos de escravidão no Egito, foram libertados e conduzidos rumo à Terra Prometida. A jornada não foi apenas física, mas também espiritual e identitária: um povo que precisava se reconhecer livre para realmente viver sua liberdade.
Na Grécia Antiga, outro grande êxodo marcou a história. As populações que viviam em pequenos vilarejos migraram para as pólis, as cidades-estados, sendo Atenas a mais notável. Ali, floresceu a primeira forma de democracia, a “demokratia”, onde dêmos significa povo e kratía significa força ou poder. Mas essa participação em massa não era para todos – apenas cidadãos atenienses tinham voz, enquanto muitos que ali viviam permaneciam à margem desse sistema.
No Brasil, o êxodo rural da era industrial transformou o país. Milhares de famílias abandonaram o campo e migraram para os grandes centros urbanos em busca de oportunidades nas fábricas. A promessa de progresso trouxe crescimento econômico, mas também aprofundou desigualdades e desconfigurou modos de vida.
Todos esses êxodos ainda ecoam em nós, de maneira inconsciente. Eles moldaram o mundo em que vivemos. Mas, e hoje? Será que estamos diante de um novo êxodo? Um êxodo silencioso e profundo, que não se dá no espaço geográfico, mas no interior de cada um?
A grande questão é: você está nessa marcha?
Muitos, sem perceber, estão abandonando sua essência, suas habilidades, seus valores e seu propósito em nome da aceitação social. Tornam-se parte de uma manada, onde a regra é simplesmente seguir quem está à frente, sem questionar para onde estão indo. Nesse lugar, não há espaço para sonhos, não há espaço para autenticidade. Sua melhor risada precisa ser contida. Sua verdade precisa ser silenciada. Você precisa se encaixar, pois quem ousa ser diferente é visto como o errado.
Mas eu te pergunto: para onde essa multidão está indo? E será que você realmente quer ir para lá?
É preciso coragem para romper esse ciclo. Erga a cabeça. Olhe para si. Perceba que o mais importante não é quantos caminham ao seu lado, mas quem caminha ao seu lado. Estar cercado por muitos não significa estar no caminho certo.
O êxodo do seu eu pode ser a sentença de morte dos seus sonhos. Mas não só dos seus: pode ser também o fim da esperança de uma comunidade inteira, que depende de pessoas como você para construir um futuro mais justo, mais autêntico, mais democrático.
Não permita que sua essência se perca na multidão. Seja a voz que questiona, que resiste, que inspira. Seja aquele que escolhe o próprio caminho.
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