Atlético-MG coloca eleições sob risco e tende a afetar SAF

Os bastidores do Conselho Deliberativo do Atlético-MG estão agitados como não se via há anos. Há apontamento de suspeita de fraude na eleição de 150 nomes para o órgão, em agosto. Em caso de comprovação, as decisões do Conselho depois de tal ato são alvos de nulidade. O que coloca, por exemplo, deliberações futuras sobre a SAF em risco, e fogo na reunião do dia 21.

Na última quarta-feira, tivemos acesso ao requerimento do delegado da Polícia Civil, Cláudio Utsch. O ex-presidente do Conselho de Ética do Atlético leva ao clube a suspeita que alguns dos 150 conselheiros eleitos não apresentavam o requisito obrigatório de dois anos como associados do clube, e, portanto, a eleição de agosto deveria ser considerada anulada. Na próxima segunda-feira, na sede de Lourdes, há uma reunião do conselho agendada para discutir SAF, Arena MRV, a venda de 49,9% do Diamond Mall e até deliberar sobre revogação da decisão do órgão, de 2017, que batizou o futuro estádio de "Elias Kalil", ex-presidente e pai de Alexandre Kalil.

Mesa diretora do conselho do Atlético no auditório da sede de Lourdes

Ainda não houve retorno do Conselho Deliberativo sobre os indícios de irregularidades na eleição de conselheiros, como instituição, planeja dar algum retorno para a opinião pública/torcida sobre as suspeitas de fraude levantadas.

Utsch participou de uma entrevista com o jornalista Fael Lima, em seu canal do Youtube, e explicou o que vem acontecendo, indicando inclusive que a eleição de Ricardo Guimarães para presidência do Conselho deverá ser anulada.

A suspeita é que alguns conselheiros foram eleitos usando "cotas plantadas", seja do Clube Labareda ou da Vila Olímpica. O posicionamento do delegado é corroborado por uma carta aberta assinada por Lásaro Cândido e Rodolfo Gropen, ex-diretores do Galo e conselheiros grande-beneméritos.

- O que queremos é a anulação da eleição de agosto (dos 150 conselheiros), que se convoque outra Assembleia Geral para se eleger um novo conselho, com chapa com candidatos que sejam efetivamente e realmente sócios há dois anos, pagando em dia. E não aqueles com cotas plantadas no nome deles. E, depois, faça a eleição da presidência do conselho. Pode ser até o Ricardo, mas queremos a coisa legal - disse Utsch.

Claudio Utsch foi presidente do conselho de ética do Atlético

A reunião do dia 21 será agitada, caso aconteça. Existe o pedido, por parte dos conselheiros que levantaram a suspeita, de cancelamento do encontro. Isso está presente na "carta aberta". Em caso de recusa ou posicionamento tácito do Conselho, o caminho indica liminar judicial. Ainda não houve nenhum movimento neste sentido. No requerimento de Ustch, é citado que o objetivo é fazer o Atlético provar a legalidade dos eleitos, para que se evite "notícia de falsidade ideológica ao Ministério Público".

A SAF bate à porta do Atlético. Para aderir à lei do clube-empresa, o Galo precisa justamente do "ok" do conselho deliberativo, também responsável por autorizar (ou não) a venda de cotas do Atlético-SAF para investidores. A ideia era fazer os dois procedimentos em uma única reunião, em 2023. Mas o conselho já não anda em águas calmas como outrora.