Num estudo sobre percepção de corrupção com 180 países, o Brasil ocupa a posição de número 94.
O estudo da Transparência Internacional mostra um país estagnado na luta contra a corrupção. O índice mede a percepção de corrupção em 180 países desde 1995. A pontuação vai de zero a 100 - quanto mais perto de 100 pontos, melhor a situação do país. A nota do Brasil em 2019 foi 35, o pior desempenho na série histórica, e em 2020 oscilou para 38, dentro da margem de erro da pesquisa.
Nota menor do que a média dos países da América Latina e indica, segundo a Transparência Internacional, graves níveis de corrupção.
A Transparência Internacional denuncia que, desde 2019, o combate à corrupção no Brasil vem sofrendo retrocesso. Para a organização, entre os aspectos mais graves deste desmonte está um aumento da interferência política por parte do governo em órgãos de controle, como a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal.
“Nós estamos vendo uma perda enorme de independência e aumento da ingerência política sobre órgãos de controle fundamentais”, afirma Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional Brasil.
A Transparência cita como exemplos desse retrocesso em 2020 a renúncia do ministro da Justiça Sérgio Moro, com acusações graves de interferência política contra o presidente Jair Bolsonaro. O episódio está em investigação pelo Supremo Tribunal Federal.
E casos de destaque, como as investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro, que potencializaram as preocupações sobre o uso de estruturas do estado para benefícios pessoais de uma elite política. O filho do presidente foi denunciado no fim de 2020 por suspeita de crimes como lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O relatório também cita que o vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues, do Democratas, foi pego escondendo na cueca recursos para o enfrentamento da pandemia.
De positivo, o documento diz que “2020 assistiu a uma forte e corajosa mobilização da sociedade civil denunciando e impedindo retrocessos ainda mais graves”.
“O combate à corrupção se faz através de melhores leis, através de melhores instituições e, principalmente, uma cidadania livre, consciente e ativa na luta pelos direitos. E o presidente da República, embora tenha sequestrado, capturado esse discurso de combate à corrupção, ele é hoje um dos principais fatores do retrocesso do país nessa frente, com a ingerência política sobre os órgãos de controle e também a hostilidade, o discurso de ódio contra a imprensa, jornalistas, às ONGs, a sociedade civil, que são fundamentais para o combate à corrupção através do controle social”, diz Bruno Brandão.
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