A Daihatsu, montadora japonesa de propriedade da Toyota, interrompeu a produção nacional depois de admitir que falsificou os resultados dos testes de segurança de seus veículos durante mais de 30 anos.
A marca, mais conhecida pela fabricação de pequenos automóveis de passageiros, interrompeu a produção em todas as suas quatro fábricas japonesas a partir de terça-feira (27), incluindo uma em sua sede em Osaka,
A paralisação vai durar pelo menos até o final de janeiro, afetando cerca de 9 mil funcionários que trabalham na produção nacional, segundo o representante.
A mudança ocorre no momento em que a Daihatsu enfrenta um escândalo de segurança cada vez mais profundo que, segundo a Toyota , “abalou os próprios alicerces da empresa”.
Na semana passada, a Daihatsu anunciou que um comitê independente encontrou evidências de adulteração de testes de segurança em até 64 modelos de veículos, incluindo os vendidos sob a marca da Toyota.
Como resultado, a Daihatsu disse que suspenderia temporariamente todas as remessas de veículos nacionais e internacionais e consultaria as autoridades sobre como avançar.
O escândalo é mais um abalo para a montadora, que admitiu em abril ter violado normas em testes de colisão em mais de 88 mil carros, a maioria vendidos sob a marca Toyota em países como Malásia e Tailândia.
Nesse caso, “o revestimento interno da porta do banco dianteiro foi modificado indevidamente” para algumas verificações, enquanto a Daihatsu não cumpriu os requisitos regulamentares para certos testes de colisão lateral, afirmou em comunicado na época.
Em maio, a montadora disse ter descoberto mais irregularidades, revelando que havia apresentado dados incorretos para testes de colisão em dois veículos elétricos híbridos. A empresa disse na época que havia parado de enviar e vender esses modelos.
A última investigação ameaça ainda mais a reputação da empresa. De acordo com relatório divulgado na última quarta-feira (20) pelo comitê de investigação, foram encontrados mais 174 casos de manipulação de dados pela Daihatsu, prestação de declarações falsas ou ajustes indevidos em veículos para passar em testes de certificação de segurança.
O caso mais antigo remonta a 1989, com um aumento notável no número de casos desde 2014, disse o relatório.
As ações da Toyota caíram 4% em Tóquio na última quinta-feira (21) após a notícia. Desde então, os papéis da montadora reduziram algumas perdas.
Em resposta, a Toyota prometeu reformar a sua subsidiária, afirmando num comunicado na semana passada que “é necessária uma reforma fundamental para revitalizar a Daihatsu”.
“Esta será uma tarefa extremamente significativa que não pode ser realizada da noite para o dia”, disse a empresa, acrescentando que exigiria uma revisão abrangente da gestão, das operações e da forma como a unidade foi estruturada.
“Reconhecemos a extrema gravidade do fato de que a negligência da Daihatsu no processo de certificação abalou os próprios alicerces da empresa como fabricante de automóveis”, acrescentou a Toyota.
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