Crises econômicas e pandemia são apontadas como principais fatores para aumento de 1.000% de pessoas em situação de rua no Brasil desde 2013
O número de pessoas vivendo nas ruas no Brasil atingiu 227.087 em agosto de 2023, segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta segunda-feira (11/12). Esse total representa um aumento superior a 1.000% em relação aos 21.934 moradores de rua registrados em 2013, de acordo com o Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal. No entanto, o número real pode ser ainda maior, pois nem todos os moradores de rua estão cadastrados.
O Cadastro Único é utilizado para implementar políticas públicas voltadas para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Entre as 96 milhões de pessoas registradas no CadÚnico em agosto de 2023, 227 mil estavam oficialmente em situação de rua, embora o Ipea ressalte que esses dados não equivalem a um censo oficial.
Fatores por trás do aumento
O estudo do Ipea aponta que a inclusão da população em situação de rua no CadÚnico ajudou a aumentar o número de pessoas cadastradas, permitindo que elas tenham acesso a programas sociais. Além disso, crises econômicas contínuas nos últimos anos, o retorno da fome e a pandemia de covid-19 agravaram a situação.
A pandemia foi um fator significativo, destacando a vulnerabilidade dessa população e até levando o Supremo Tribunal Federal (STF) a intervir, cobrando do governo federal ações voltadas a essa parcela da sociedade.
Causas da situação de rua
O estudo revela que os principais fatores que levam os brasileiros às ruas são problemas familiares (47,3%), desemprego (40,5%), uso abusivo de álcool e drogas (30,4%) e perda de moradia (26,1%). As causas foram divididas em três categorias: motivos econômicos, relações pessoais e problemas de saúde.
A exclusão econômica foi citada por 54% das pessoas em situação de rua, com destaque para a falta de moradia a preços acessíveis, desemprego e insegurança alimentar. Além disso, a fragilização de vínculos familiares foi um dos motivos mais citados, apontando a perda de uma rede de proteção social crucial em momentos de crise.
O confinamento durante a pandemia foi particularmente prejudicial para pessoas vivendo em condições precárias, exacerbando problemas de convivência familiar e social, o que levou muitas a perderem sua moradia e irem parar nas ruas.
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