Partido com o maior número de deputados dentre os que integram o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o União Brasil caminha para ficar separado do PT nas principais capitais nas eleições municipais deste ano. Das dez mais populosas, Recife é a única que tem hoje uma conjuntura com mais chances de promover uma junção das duas siglas.
O cenário nas municipais ilustra o jogo dúbio do partido, que comanda três ministérios ao mesmo tempo em que constrói projetos políticos de viés oposicionista. Exemplo disso são os movimentos para viabilizar a candidatura presidencial do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, em 2026. A ideia do goiano é ser o representante do bolsonarismo caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), opte por tentar a reeleição e não entre na disputa nacional.
Hoje presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Bacellar é um potencial adversário de Paes na eleição para o governo do estado em 2026. Não interessa a ele, portanto, fortalecer o prefeito este ano.
No Recife, onde há a possibilidade de um agrupamento dos dois partidos em torno da reeleição de João Campos, a ala da legenda comandada pelo ex-ministro da Educação, deputado federal e presidente do União na cidade, Mendonça Filho, ainda resiste. O apoio chegou a ser considerado certo nas últimas semanas, mas o tradicional adversário das famílias Campos e Arraes no estado entrou em cena para negar que o martelo tenha sido batido.
Integrante do diretório nacional e egresso do antigo DEM, partido que se fundiu com o PSL para criar o União, Mendonça Filho avalia que a história do partido torna difícil a parceria com o PT nas capitais brasileiras.
— Há a prevalência de uma lógica da política, que é essencialmente local. O nosso histórico, sobretudo das forças originárias do DEM, é de oposição. Não se muda isso tão fácil assim — diz o parlamentar.
Existem outras cidades com chances remotas de parceria, sempre envolvendo apoio a um candidato de outro partido. Em Belo Horizonte, por exemplo, o União está encaminhado para endossar a reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD), hipótese que não é totalmente descartada no PT. Os petistas, contudo, mantêm a pré-candidatura própria de Rogério Corrêa, referendada este mês pelo diretório nacional.
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