A declaração do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, de que a guerra em Gaza “ainda não terminou”, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, foi além de um posicionamento militar: revelou o crescente isolamento diplomático de Israel. A saída de várias comitivas em protesto simboliza a insatisfação internacional diante da continuidade da ofensiva, que já gerou forte pressão humanitária.
O gesto de abandono do plenário, embora simbólico, tem peso político. Ele sinaliza que parte significativa da comunidade internacional não apenas desaprova a retórica de Netanyahu, mas também rejeita a legitimidade de sua estratégia. Esse tipo de boicote fragiliza a narrativa israelense de que suas ações seriam exclusivamente de defesa e aumenta as cobranças por um cessar-fogo.
Especialistas em relações internacionais avaliam que o episódio pode ampliar a dificuldade de Israel em costurar acordos multilaterais e em manter apoios estratégicos, sobretudo no eixo europeu, onde cresce a pressão das sociedades civis por posições mais duras contra Tel Aviv. Ao mesmo tempo, o gesto pode alimentar a polarização política global, dividindo países entre aqueles que defendem a segurança de Israel a qualquer custo e os que priorizam a proteção dos civis palestinos.
Nesse cenário, a ONU volta a ser palco de diplomacia de gestos, em que a ausência e o silêncio falam mais alto que longos discursos. O desafio para Netanyahu será transformar a retórica da guerra em resultados concretos de segurança sem perder ainda mais capital diplomático.

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